sábado, 18 de julho de 2015

Por que os psicanalista, psicoterapeutas e psicólogos e estudantes de psicologia precisam fazer terapia?

Essa é uma pergunta bem comum no mundo da psicologia, quando o estudante de psicologia entra na faculdade os professores informam que é necessário fazer terapia, muitos acabam deixando pra lá e algumas pessoas se questionam:
Por que os psicólogos e estudantes de psicologia precisam fazer terapia?
Para responder essa pergunta citarei Freud que disse em 1926: “O psicanalista deve constantemente analisar a si mesmo. Analisando a nós mesmos, ficamos mais capacitados a analisar os outros”.
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Partindo desse principio básico que o psicólogo é o individuo que tratará de questões emocionais de outros o tempo todo em seu consultório, é necessário que o mesmo cuide de sua ferramenta de trabalho: ele mesmo.
O psicólogo no seu cotidiano é constantemente bombardeado por núcleo afetivos de seus pacientes, isto é, de problemas emocionais e existenciais. E para ter uma escuta analítica e interpretativa precisa estar dedicado inteiramente ao seu paciente. Além de sua formação acadêmica e teórica é necessário ter entendimento de sua linha de psicoterapia.
Mas vale lembrar como o próprio Jung já dizia que o psicólogo não está ali para testar sua teoria, mas sim tratar o ser humano que se encontra em sua frente.
O psicólogo e o estudante de psicologia acabam amadurecendo profissionalmente e pessoalmente, pois além de ser uma profissão fascinante ela é também bastante sofrida. O psicólogo atende inúmeros pacientes em que precisa se dedicar ao outro com uma visão clara e objetiva da situação. Imagine um psicólogo que possui inúmeros problemas pessoais e ao invés do paciente falar ele acaba falando de sua vida. Isso é o que chamamos de inversão de papéis, ou seja, o psicólogo despreparado acaba relatando sua vida ao invés de ouvir o outro e muitas vezes nem se dá conta disso.
Muitos psicólogos que já passaram por processo terapêutico também precisam de apoio para suportar suas tensões e frequentemente pedem ajuda de alguns colegas para esclarecimentos. Assim, há um amadurecimento rápido e intenso, levando-se em conta que o psicólogo não consegue tratar o outro sem tratar a si mesmo.
É importante também dizer que a experiência do estudante e o psicólogo que passaram pelo processo terapêutico é necessária até mesmo para saber como é que seu paciente se sente ao entrar num consultório de psicologia e também para que se confrontem cada vez mais com a realidade do que é uma terapia.
O psicólogo que não fez terapia ou que não faz supervisão nem procura ajuda quando precisa, acaba sofrendo de solidão, uma grande solidão e talvez até isolamento, pois escuta o sofrimento dos seus pacientes e passa a não saber como lidar ou, digamos assim, para quem contar o que está sentindo e vivenciando em sua clínica.
Em um terapia, há um espaço seguro para abordar tais questões, chamadas tão frequentemente de ossos do ofício. E não só: pelo fato de ter estudado psicologia – ou estar estudando – não significa que tenha conseguido resolver e enfrentar todas as suas dificuldades. Em outras palavras, o estudante de psicologia e o profissional da psicologia é um ser humano e tem seus momentos difíceis e, igualmente, tem a necessidade de ter cuidado com sua vida mental e emocional.
Por isso, justamente, precisa também fazer terapia, para que tenha um espaço próprio e adequado para melhorar o que puder melhor e superar o que tiver que superar e para que, deste modo, posso ajudar da melhor maneira possível os seus pacientes.
Bruno Ricardo Pereira Almeida
Psicólogo Clínico

2 comentários:

  1. Bem observado o perfil exposto com relação a necessidade de se colocar em terapia antes de ao outro querer tratar, visto as palavras de Jung "quando se coloca frente a outro ser humano seja apenas outro ser humano". Nós psicólogos frente aos pacientes damos de cara com a mesma situação independente e sobremaneira a linha de atuação a demanda é a mesma. Somos nós homens com fragilidades, medos e angustias nos colocando frente a outros homens cheios de fragilidades medos e angustias, com a capacidade empática de acolher e estar para o outro. Vale nesse momento silenciar o homem que sofre em nós para ser ombro e lenço para acalentar o homem que sofre no outro que nos busca e confia em nós.

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